Cruel poesia

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

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Ele havia passado a vida inteira tentando entender pelo que ardia o seu coração.

Soube!

Então iniciou sua procura por todas as ruas da cidade, em cada praça onde florescesse uma rosa, dentro de cada livro antigo disponível nas prateleiras dos intermináveis corredores de todas as bibliotecas.

Mas foi em vão...

"Haverá algo como o que desejo? Ou desejo uma ilusão?", perguntava-se. "Penso ser melhor desistir de procurar, de arar em busca do verde onde claramente só há o ocre decadente da morte outonal."

Mas na dor da ilusão, foi ele mesmo inesperadamente encontrado por aquilo que procurava, como alguém que, por outro, é despertado de um pesadelo — para acordar em outro.

É que alcançar, contudo, lhe parecia impossível. Era como se, de costas, caísse de um penhasco, tentando alcançar o topo, onde estava o que, outrora desejado, havia sido finalmente encontrado.

"A vida é uma cruel poesia", concluiu por fim.

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Escrever é, antes de tudo, o abstracionismo dos pensamentos, das alegrias, dos lamentos e todos os sentimentos que transpassam a alma humana. É o transbordar filosófico e poético dos mares do pensamento.

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