Desafeto de uma mãe

quinta-feira, 27 de outubro de 2016


Mulher, tu és mãe de muitos filhos. Gerados em teu ventre. Por que tu os desprezas tanto? Por que  tu não os acolhes em teu seio e os proteges em teus braços? Por que te fazes indiferente para com os da tua própria carne?

Tu matas os teus filhos sufocados em tua soberba e rejeitas o fruto de teu ventre ao qual amamentaste. Tiras da boca de teus filhos o teu leite materno e o entregas às mãos dos teus amantes estrangeiros que vêm ao teu encontro para fazerem negócio de ti.

Não demonstras amor aos que foram gerados em tuas próprias entranhas. Os expulsas de teu ventre como a um indesejado abortivo. Matas os profetas que à ti são enviados e exaltas aqueles que, ilegitimamente, buscam se satisfazerem do leite de teus peitos, o qual pertence a teus filhos.

Derrubas tuas grandes árvores enquanto são pequenos brotos. Expulsas teus gigantes enquanto são meninos de colo. Fazes dos teus campos frutíferos terras esquecidas. Das tuas estradas, verdadeiros campos de guerra.

Na doença, lanças para fora de ti os que do teu ventre nasceram. Deixas de os guardar em segurança quando, na penumbra do fim do dia, desponta o malfeitor. Tiras de teus ombros o educar-lhes com perfeição.

Já posso compreender porque teus anjos te abandonaram. Porque o teu ilustre filho, do qual lamentas tu eternamente não o teres sepultado depois de uma morte tão precoce nos braços de uma mãe adotiva, te abandonou.

Só desejas o que te agrada os olhos. Desprezas a labuta de teus filhos em teu seio, quando não fazes, desprezivelmente, acepção entre eles, pois só te agradas do trabalho da prole de tuas vizinhas. Olhas para sua grama e vês mais verdejante que a tua, a qual tu mesma não regas com as águas de teu amor para que reverdeçam.

Oh, mulher, grande é a tua soberba e o teu desafeto para com teus filhos, mas como crianças inocentes, que não enxergam os defeitos de sua mãe, assim são teus filhos. Mesmo sendo desprezados e rejeitados por ti, deixados à sua própria sorte, muitas vezes em braços alheios, eles nunca te esquecem. Nunca deixam de te amar como mãe legítima que deles és.

Volta à tua humildade! Torna a amar os que saíram do teu ventre! Cuida dos teu filhos! Permitas que teus brotos se tornem grandes árvores para que tu mesma te acomodes debaixo das tuas sombras e usufrua dos seus frutos antes que se revoltem e te abandonem na tua velhice!

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Escrever é, antes de tudo, o abstracionismo dos pensamentos, das alegrias, dos lamentos e todos os sentimentos que transpassam a alma humana. É o transbordar filosófico e poético dos mares do pensamento.

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