Rei-servo

quarta-feira, 18 de outubro de 2017


Como não me render diante da tua majestade, a qual faz com que os bosques, vales e montanhas se prostrem diante de você? Até o teu terrível monstro dos mares, cuspidor de fogo e terror do mais valente e destemido marinheiro, vem aos teus pés como um gatinho manso, reconhecendo a dependência de você.

Mesmo reinando sobre todos você deu a sua vida a quem achava que poderia retê-la, para satisfazer a tua própria justiça e logo em seguida tornar a toma-la para compartilha-la comigo — O que seria de mim sem a tua misericórdia? — Se não fora a tua entrega em meu lugar afim de me redimir do meu próprio erro eu já não estaria mais aqui.

Deixa-me mergulhar o rosto em tua juba dourada, sentir o teu cálido alento tão próximo do meu rosto, a tua grande e forte pata levemente pousada sobre meu ombro e aperceber-me de teus olhos tão penetrantes e serenos olhando nos meus, contemplando a totalidade do meu eu corrompido e transmitindo à minha alma a compreensão de todas as dimensões do teu divino amor.

Não poderia esconder das chamas de teus olhos, ainda que eu quisesse, a minha imperfeita humanidade, pois seria vão a tentativa de ocultar do Feitor os ferimentos de sua feitura porque de um modo tão maravilhosamente assombroso você me formou e por isso conhece as máculas que, contra a tua vontade, corromperam a minha natureza.

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Escrever é, antes de tudo, o abstracionismo dos pensamentos, das alegrias, dos lamentos e todos os sentimentos que transpassam a alma humana. É o transbordar filosófico e poético dos mares do pensamento.

Debruce os sentimentos de sua alma sobre este espaço, caro leitor.

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