O sonho

segunda-feira, 20 de junho de 2011


Deitados na varanda do sítio dos avós do rapaz, um casal contemplava o céu enuviado de uma tarde ensolarada.

— As nuvens parecem-me algodão — comentou a moça displicentemente. — Gostaria de poder toca-las.

O rapaz a fitou e viu nos olhos dela o encantamento de sua amada pelas nuvens e rapidamente, como um raio cortando o tempestivo céu de inverno, passou-lhe em sua mente como seria viver sem aquela com quem ele contemplava o céu naquela tarde, então os olhos dele encheram-se de lágrimas e o rapaz a abraçou como se aquela fosse a última vez.

— Por que choras? — Indagou a moça.

— Por saber que estás comigo — respondeu o rapaz.

Ao abarcar a moça em seus braços, ele sentiu o coração dela acelerar e sua respiração ofegar. Então o rapaz tranquilizou-se, pois, por mais terrível que fora aquele breve pensamento, aquilo não passou de um devaneio e ela estava ao seu lado.

— Aceitas passear comigo? — convidou-a o rapaz. — Há um lugar especial para mim aonde quero levar-te.

— Claro.

Os dois levantaram-se e seguiram na direção de um cajueiro que havia ali perto, cercado pelas roseiras que a avó do rapaz cultivava.

— Quando criança, eu costumava subir nos galhos mais altos deste cajueiro afim de ler gibis ao cheiro das rosas... — comentava o moço escorando-se na árvore quando notou a fascinação de sua amada, agora pelas roseiras.

Enquanto ele a contemplava em silêncio, ainda mais fascinado que ela, a jovem ergueu-se entre as roseiras fechando os olhos e inspirando o perfume que a cercava enquanto o vento soprava obliquamente os seus cabelos e o seu vestido. Naquele instante o rapaz a abraçou por trás e sentiu o perfume de sua amada, o qual se sobressaia ao das rosas, e o coração da moça novamente acelerou.

— Viveremos juntos para sempre — ajuramentou o rapaz enquanto, com os rostos colados, olhavam para o horizonte.

— Eu sei — confiou a moça.

Então o rapaz fechou os olhos afim de dedicar-se ao tato e ao olfato, os quais naquele momento lhe eram mais preciosos que ouro, e quando os abriu, deu com eles no teto de seu quarto. Foi tudo um sonho. Ele havia se deitado em sua cama enquanto imaginava como seria ter a companhia de alguém para amar e pegou no sono.

Seus olhos encheram-se novamente de lágrimas, mas ele sabia que algum dia aquele sonho se tornaria realidade.

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Escrever é, antes de tudo, o abstracionismo dos pensamentos, das alegrias, dos lamentos e todos os sentimentos que transpassam a alma humana. É o transbordar filosófico e poético dos mares do pensamento.

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