Sã loucura

quarta-feira, 25 de abril de 2018


Aprisionado e domado por minha carnal racionalidade que não enxergava a realidade a minha volta, julgava-me um dos poucos sãos deste mundo, cercado por loucos que eu cria estarem enclausurados por afirmarem existir uma estrela da manhã, até que a sua loucura também me alcançou.

Completamente envergonhado por estar enlouquecendo, encerrei-me na desmurada prisão de minha sórdida covardia por medo de perder a simpatia dos que eu considerava sãos, querendo ser curado de meus desvarios, e permaneci absorto em meus delírios, afim de descobrir se faziam algum sentido.

Em minha clausura à céu aberto, enquanto eu temia a loucura que já me cercava tão de perto, senti em minha pele os cálidos raios da resplandecente estrela da manhã, a qual reina soberana sobre todos: loucos e sãos, ainda que estes enxerguem ou não.

Foi então que, depois de sentir o calor daquele luminar, descobri ser próprio dos loucos a sensatez enquanto que os verdadeiros doidos são os que se consideram doutos, e então cedi à veracidade da realidade de minha loucura, convicto que, na verdade, estou são.

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