Memórias póstumas

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018


A aurora de minha vida rompeu numa primavera, permitindo que, logo de cara, o cheiro dos jasmins inebriassem a minha alma de alegria enquanto eu engatinhava por entre as roseiras brancas à sombra dos gigantescos girassóis. Bela época me era aquela.

Findando-se o abril de minha vida, raiou o cálido sol de verão, cujos raios incidiam-me sobre o vigor de minha jovem mocidade, e eu achei-me ardentemente desejoso de viver intensamente a minha vida que, erroneamente pensava eu, duraria para sempre naquela estação.

Então, inesperadamente, encontrei-me no outono de minha vida, cujo vigor já não me era mais o mesmo que fora em estações passadas, porém, a maturidade fez-me cair, à semelhança das árvores, as folhas verdes de minha infantil ignorância.

Sepultado sob o entenebrecido céu de inverno, jazo com minhas memórias vividas na aurora de meu tempo, sabendo que, talvez, não mais haverá para mim uma nova primavera e que minhas memórias germinarão os próximos girassóis que sombrearão a geração seguinte, a qual desejo que viva, diferentemente de mim, para sempre sua primavera-verão.

Você Pode Gostar Também

0 comentários

Escrever é, antes de tudo, o abstracionismo dos pensamentos, das alegrias, dos lamentos e todos os sentimentos que transpassam a alma humana. É o transbordar filosófico e poético dos mares do pensamento.

Debruce os sentimentos de sua alma sobre este espaço, caro leitor.

Todos os Direitos Reservados

Seguidores