Em minha antiguidade

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019


Foi em minha antiguidade.

Feito de barro, moldado do pó do chão já pisado pelas animálias também criadas, fui erguido pelo teu fôlego que me deu vida e colocado sobre tudo já criado, mas caí prostrado com o peso de meu coração petrificado quando fui encantado pelas serpentes de Medusa.

Lançado de volta ao pó da terra, agora maldita por causa de mim, sou tentado a fugir de ti por medo, por saber que um vaso de barro rachado deve ser quebrado, refeito de novo, passado pelo fogo e então utilizado; mas para onde fugirei?

As mais densas trevas que me envolvem são para ti como a luz do meio-dia que encobrem a vastidão da terra. No mar, no céu ou no inferno, não há refúgio deste inverno que é ter medo de ti, por isso, em busca de minha primavera perdida, eu me rendo e te peço: tem piedade de mim.

Dá-me um coração de carne em lugar desta pedra. Ajuda-me a resistir à fera que tão de perto me cerca, buscando me manter transformado em pedra.

Feito de barro, moldado do pó do chão já pisado pelas animálias também criadas, fui erguido pelo teu fôlego que me deu vida, e colocado sobre tudo já criado.

Foi em minha antiguidade.

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Escrever é, antes de tudo, o abstracionismo dos pensamentos, das alegrias, dos lamentos e todos os sentimentos que transpassam a alma humana. É o transbordar filosófico e poético dos mares do pensamento.

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