Chegou o inverno

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017


Da sacada da janela do meu pequeno sobrado, sinto os ventos do sudeste que começam a soprar, e como fantasmas, que parecem querer entrar pelas janelas das casas para assombra-las, uivam trazendo consigo grandes e escuras nuvens que mais parecem algodão desenhado à grafite, as quais tingem o céu de um cinza sombrio, desbotando o azul celestial.

Os pássaros também já cessam o seu arrulhar, partindo, quase à semelhança de Ícaro, em busca do sol que se distanciara. As árvores, ainda desfolhadas, ao som dos uivos dos ventos, parecem dançar com o intento de quererem descer do alto os primeiros pingos da chuva, a qual será a única companheira dos bancos torneados deixados à mercê da solidão pelos casais que, outrora abancados, trocavam caricias ao cheiro dos jasmins.

Nas ruas de paralelepípedo já não se vê mais pessoas andando, exceto uma ou outra que corre com as notícias do dia na cabeça, desviando-se dos grandes girassóis coloridos que, movimentando-se como em busca do sol, agora substituem os pedestres e trazem cor à estação recém chegada.

É o inverno que nos alcança.

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